Em laboratórios mundo afora, cientistas desenvolvem suas pesquisas no emergente campo da automação da ciência (‘science automation’). Se utilizando de métodos e técnicas de inteligência artificial e robótica, tais pesquisas têm como objetivo o desenvolvimento de equipamentos e instrumentos que automatizem o próprio processo científico - tanto em seus aspectos manuais quanto em seus aspectos mentais. Mais que ‘somente’ ferramentas que executem tarefas árduas ou enfadonhas, muitas destas tecnologias são (ou almejam ser) capazes de fazer análises sofisticadas, de ler e interpretar publicações científicas, e até mesmo de propôr novas ideias ou fazer descobertas científicas.
Baseado principalmente em um caso empírico - o projeto ‘Robot Scientist’, o qual acompanhei por mais de um ano -, nesta palestra me debruçarei sobre: o que é, na prática, a automação da ciência; quais as promessas por trás de tais projetos; e quais questões, de cunho social e político, surgem a partir deles? Para que, e para quem, são essas tecnologias? Vlad Schüler Costa é doutor em antropologia social pela Universidade de Manchester no Reino Unido. Desenvolve pesquisas em antropologia de ciência e tecnologia, com foco em temas como redes sociais, inteligência artificial, e robótica. Também tem interesse em história, economia, e política de contextos científicos, tecnológicos, e universitários.